Marina

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1. Quem é você? Conte um pouco sobre sua trajetória pessoal e profissional.
Oi, eu sou a Marina Alves, tenho 32 anos, nasci em Recife e moro em São Paulo há quase dez. Sou formada em Design pela UFPE e depois fiz uma especialização em UX Strategy. Comecei a carreira em agências digitais, criando interfaces para e-commerce, e aos poucos fui migrando para o universo de produtos. Hoje sou UX Lead em uma fintech brasileira, coordenando um time multidisciplinar focado em inclusão financeira.


2. Como foi seu primeiro contato com o design de experiência?
Foi na faculdade, quando participei de um projeto de extensão para melhorar o sistema de agendamento do hospital universitário. Até então eu só pensava em layout e cor. Nesse trabalho, percebi o quanto entrevistas com usuários, fluxos e protótipos podiam transformar a vida real das pessoas. Foi um clique.


3. Quais foram os maiores desafios que você enfrentou no início da carreira? E que desafios você percebe hoje?
No início, o maior desafio foi convencer clientes e chefes de que pesquisa importava. O mercado queria rapidez e telas bonitas, mas não entendia testes de usabilidade. Hoje, o desafio é outro: escala e ética. As empresas já valorizam UX, mas precisamos garantir que as decisões de design não reforcem vieses ou excluam pessoas.


4. Você poderia compartilhar um projeto de que se orgulha muito e o que aprendeu com ele?
Um que guardo no coração foi o app de microcrédito para empreendedoras de periferia. Passamos meses em campo, escutando histórias de mulheres que precisavam de crédito sem burocracia. O maior aprendizado foi sobre design inclusivo: não basta traduzir termos técnicos; é preciso simplificar fluxos, pensar em letramento digital e criar empatia real.


5. Quais referências (pessoas, livros, filmes, músicas) influenciaram e/ou influenciam sua forma de criar?

  • Pessoas: Don Norman e Kim Goodwin, mas também arquitetas brasileiras como Lina Bo Bardi pela visão de espaço e uso humano.
  • Livros: Design of Everyday Things e Mentes, Mudanças e Design da Carla Spinillo.
  • Filmes: Her, que fala de tecnologia e emoção.
  • Música: muito Chico Science e Liniker, que me lembram de trazer brasilidade e afeto para as soluções.

6. Como você enxerga o papel do design de experiência no Brasil hoje?
Vejo um campo maduro e necessário, principalmente em serviços públicos, saúde e educação. O UX deixou de ser só “embelezar telas” para ser estratégia de negócio. Mas ainda é desigual: grandes centros têm mais oportunidades que o interior.


7. Que mudanças você gostaria de ver na área nos próximos anos?
Gostaria de ver mais diversidade regional e social. Sonho com laboratórios de UX em prefeituras, startups fora do eixo Rio-SP e equipes com mais vozes negras, indígenas e de diferentes idades.


8. Que conselhos daria para mulheres que querem seguir carreira em UX/UI ou áreas afins?

  • Aprendam a negociar: salário, prazo, espaço de fala.
  • Busquem mentorias e comunidades (ElasUX, PretUX, Ladies That UX).
  • Confiança no portfólio: um bom case conta mais que mil certificações.
  • E lembrem: design é trabalho em equipe, não precisam saber tudo sozinhas.

9. Como você mantém sua criatividade e motivação no dia a dia?
Faço pausas de verdade. Caminhar, ouvir maracatu, desenhar sem propósito. Também troco ideias com designers de outras áreas, como moda e game design. Essa mistura alimenta a criatividade.


10. Complete a frase: “Para mim, ser mulher e designer no Brasil é…”
“…um ato de resistência e de construção de futuros. É provar todos os dias que design é sobre gente — e que as mulheres têm muito a dizer e criar.”


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